sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Frio e chuva. O céu tem as mais espessas nuvens que eu já tive a oportunidade de ver. Claras de tão cinza mesmo sendo madrugada, parecem azuis. Três blusas são insuficientes para me aquecer do frio que faz nessa cidade a essa hora. É tarde para quem ainda não dormiu e cedo para quem já acorda. E a alegria da solidão, essa que tenho tido um prazer assustador em ter como companhia, tem me escoltado pelos dias e noites. O que era inquietação virou contentamento. E eu que venho sentindo medo da satisfação mórbida da consciência de estar só, não saberia responder a pergunta que ninguém fez. Não permitiria ainda dividir espaços e momentos. É cedo para isso. A solidão não mais me assombra, me compraz. Não atormenta; alegra e absorve. Não mais queima; aquenta. Apavora o hábito da solidão e a constatação vem da inércia de me sentir aquecida, apesar da rajada de vento gélido que escoa pela fresta da janela aberta, pelo calor de um amorfo edredom colorido.

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