quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Anseio e frustração. É daí que eu acho que veio a linguagem. Quero dizer, veio do desejo de transcender o nosso isolamento e estabelecer ligações uns com os outros. Devia ser mais fácil quando era uma questão de mera sobrevivência.Eu digo "água". Criamos um som para isso. "Tigre atrás de você". Criamos um som para isso. Mas fica realmente interessante, acredito eu, quando usamos esse mesmo sistema de símbolos para comunicar tudo de abstrato e intangível que vivenciamos. O quê é frustração? O quê é "raiva" ou "amor"? Quando eu digo "amor" o som sai da minha boca e atinge o ouvido de outra pessoa, viaja por um canal labiríntico em seu cérebro através das memórias de amor - ou falta de amor. O outro pode até dizer que compreende, mas como eu sei disso? As palavras são inertes, são apenas símbolos, estão mortas! E tanto da nossa experiência é intangível. Tanto do que percebemos é inexprimível, é indizível. E ainda assim, quando nos comunicamos uns com os outros e sentimos ter feito uma ligação e termos sido compreendidos, temos uma sensação quase como uma comunhão espiritual. Essa sensação pode ser transitória, mas é para isso que vivemos. (transcrição de diálogo do filme waking life, richard linklater

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