quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Mais um dia em que tudo não deu nem certo nem errado e lá se foi ela caminhar para esquecer sabe-se lá de quê. Umas tragadas do cigarro que havia abandonado há tempos, celular desligado para que ninguém interrompesse o silêncio, pão, presunto, queijo prato, coca light. A dor de cabeça parece reaparecer e nos últimos dias mais uma novidade: uma dor nas costas que nunca houvera experimentado. Pensou que não tem sentido saudade de nada nem de ninguém nos últimos tempos. Talvez dela mas ela tem sido cada vez mais rara. Então ficou assim: nada que a tenha feito sentir saudade nos últimos tempos. No meio do caminho uma angústia súbita, e ela se pegou com um semblante quase triste. Tratou de consertar as sobrancelhas e colocou um quase sorriso no jeito de olhar para o chão. Na sua memória ainda tocava a música do sonho da noite anterior. Riu de si mesma e da quantidade de vezes que vem sonhando com aquele moço. Pensou no quanto a vida tem andado sem graça apesar das delícias de certas descobertas recentes e dos pequenos momentos de felicidade diários. Por um minuto apenas, segundos talvez, refez sua história desde o dia que nasceu até aquele momento de solidão absoluta e necessária, passando pelas tais dores e delícias. Se percebeu tão perto e tão longe de si mesma que a única solução foi dividir tantas sensações contraditórias com o gato que veio recebê-la feliz na soleira da porta de entrada, selando aquela amizade genuína com um beijo entre as orelhas.

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