sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Duvido dos teus olhos tão meus, tão perto, como duvidaria do brilhante achado no meio das bugigangas. Desdenho das inquietudes e dos bateres de asa no peito, de um certo oco das pernas, da efervescência dos nervos, da fragilidade imiscuída na voz. Melhor que não se apodere de mim essa festa permanente, esse tilintar de cristais, essa promessa de estrela. Não quero em mim a instabilidade do vôo, o medo da corda bamba sem rede, a vertigem dos abismos latentes. Duvido dos teus olhos e eles estão tão perto, tão perto. Nego a mim as horas bordadas de expectativa, os planos mirabolantes de assédio, a alienação de tudo quanto lembre a ordinariedade daquilo que era, que foi, antes, antes dos teus olhos, como quem descrê de alturas improváveis porque em mim mora a dor da queda desamparada e o gosto do nada. Contudo, moram em mim também agora teu olhos.

3 comentários:

Ricardo Rayol disse...

por que se nega?

Rui Carlo disse...

Quem dera fossem meus os olhos...
Tudo bem sumida?

Anônimo disse...

Inebriante!....amei!