sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Nunca mais disse as mesmas palavras.E ocorre-me o fato simplesque nunca mais as direi.O dia foi nublado mas não choveu.É tarde, é noite.E penso nas semelhanças entre os dias e a vida.De quando a vida é nublada,nuvens baixas e escuras, mas não chove. Como se houvesse um obscuro,por vezes irritante, propósito de manter a tensão.Mas não há deuses, portanto não há propósito.O facto é que não chove,apenas estão lá as nuvens.Nunca mais disse as mesmas palavras.Não creio que as volte a dizer,O tempo é estranho nas suas manifestações.Sinto um prazer na vidaque me empurra a viver intensamentee simultaneamente esses instantesparados em aneis de fumo.Eu sou a mesma que aos dez anos ria alto. E a mesma que se senta aqui,num pedaço perdido do tempo,sabendo que nunca mais dirá as mesmas palavras.Mas que recosta a cabeça sem temores.As palavras são muitas e várias.Sou a mesma e não sou mais nenhuma. O tempo tem truques que desconhecemos.A vida tem o definitivo.

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