terça-feira, 1 de julho de 2008

Antes que a dor me destrua os sentidos e que ausência me faça perder a vontade de andar para frente, eu me derramo aqui, em uma folha limpa. Antes que eu me vá para sempre, ou mesmo que eu nem saiba quando, eu me entrego inteira á dor que sinto. Antes mesmo de cair a tarde distante e o pôr-do-sol me faça adormecer em mim, eu venho aqui, para dentro do meu peito em dores, arrancar de dentro amores tão imensos que nem eu mesmo sei o quanto tenho, o quanto cabe dentro de um ser pequeno diante da força que me faz chorar, que me faz sentir, que me faz aqui me derramar em lágrimas pela incerteza. Antes que o sol queime e que a estrada encubra com o calor; Antes que a vida passe e meus sentidos também, eu me derramo agora, por inteiro; Antes mesmo que a noite venha e a cidade grande com suas luzes e fumaças estonteantes me corroam a sensibilidade, eu venho aqui, e me derramo. Antes que a lua esfrie o que alma guarda, eu me derramo agora, sem nenhuma calma, em cima da folha limpa que escolhi.

Um comentário:

Amaral disse...

Antes que tudo aconteça, a folha acolhe os teus desabafos, sorri à tua incerteza, dá de beber aos teus anseios.
Antes mesmo de cair a tarde, o teu chorar enxuga a astúcia que não perdeste.
Antes mesmo que o sol queime, a tua alma aguarda, silenciosa, a primavera que deseja fazer despontar.
Andar para a frente significa confiança.
Não andar significa que o desconhecido tem muito medo acompanhado e faz doer quem o teme...