sábado, 24 de maio de 2008

A cura

Gritar não adianta;
a dor é minha.
Nem quando estou sozinho;
a dor é tanta.
Calar inda é pior;
a dor definha,
Fica contida,
presa na garganta.
Chorar nada resolve;
a dor caminha.
Fugir é se entregar;
a dor levanta.
Mas surge um canto,
espanta a dor que eu tinha
E, prá não sucumbir,
meu corpo canta.
Na poesia que,
Sem garganta, fala;
Que, sem poder,
as lágrimas enxuga;
Que tranqüiliza, um pouco,
o coração.
Posso estar louco,
até... sei que,
ao cantá-la,
Calado,
choro e grito a minha fuga.
Só assim, sobrevivo
à solidão.
Bernardo Trancoso

3 comentários:

Pólvora disse...

Desconhecido e....agradável de ler.

Rui Carlo disse...

Belo este poema que escavaste para achar e para dizer o que muitas almas gotejam...
Grande beijo saudoso

PS: tua foto ficou ótima, mas preferia a anterior

Rui Carlo disse...

ler-te me afaga a alma